16/02/2010

"Imaginar" é possível e é fácil...

E, se viesse a ser cumprido, que bom seria...para este País que queremos que seja de todos nós

Imaginem Por Mário Crespo, in J.N.

Imaginem que todos os gestores públicos das setenta e sete empresas do Estado decidiam voluntariamente baixar os seus vencimentos e prémios em dez por cento. Imaginem que decidiam fazer isso independentemente dos resultados. Se os resultados fossem bons as reduções contribuíam para a produtividade. Se fossem maus ajudavam em muito na recuperação.
Imaginem que os gestores públicos optavam por carros dez por cento mais baratos e que reduziam as suas dotações de combustível em dez por cento.
Imaginem que as suas despesas de representação diminuíam dez por cento também. Que retiravam dez por cento ao que debitam regularmente nos cartões de crédito das empresas. Imaginem ainda que os carros pagos pelo Estado para funções do Estado tinham ESTADO escrito na porta. Imaginem que só eram usados em funções do Estado.
Imaginem que dispensavam dez por cento dos assessores e consultores e passavam a utilizar a prata da casa para o serviço público. Imaginem que gastavam dez por cento menos em pacotes de rescisão para quem trabalha e não se quer reformar. Imaginem que os gestores públicos do passado, que são os pensionistas milionários do presente, se inspiravam nisto e aceitavam uma redução de dez por cento nas suas pensões. Em todas as suas pensões. Eles acumulam várias. Não era nada de muito dramático. Ainda ficavam, todos, muito acima dos mil contos por mês.
Imaginem que o faziam, por ética ou por vergonha. Imaginem que o faziam por consciência. Imaginem o efeito que isto teria no défice das contas públicas. Imaginem os postos de trabalho que se mantinham e os que se criavam. Imaginem os lugares a aumentar nas faculdades, nas escolas, nas creches e nos lares. Imaginem este dinheiro a ser usado em tribunais para reduzir dez por cento o tempo de espera por uma sentença. Ou no posto de saúde para esperarmos menos dez por cento do tempo por uma consulta ou por uma operação às cataratas.
Imaginem remédios dez por cento mais baratos.
Imaginem dentistas incluídos no serviço nacional de saúde. Imaginem a segurança que os municípios podiam comprar com esses dinheiros. Imaginem uma Polícia dez por cento mais bem paga, dez por cento mais bem equipada e mais motivada. Imaginem as pensões que se podiam actualizar. Imaginem todo esse dinheiro bem gerido. Imaginem IRC, IRS e IVA a descerem dez por cento também e a economia a soltar-se à velocidade de mais dez por cento em fábricas, lojas, ateliers, teatros, cinemas, estúdios, cafés, restaurantes e jardins.
Imaginem que o inédito acto de gestão de Fernando Pinto, da TAP, de baixar dez por cento as remunerações do seu Conselho de Administração nesta altura de crise na TAP, no país e no Mundo é seguido pelas outras setenta e sete empresas públicas em Portugal. Imaginem que a histórica decisão de Fernando Pinto de reduzir em dez por cento os prémios de gestão, independentemente dos resultados serem bons ou maus, é seguida pelas outras empresas públicas.

Imaginem que é seguida por aquelas que distribuem prémios quando dão prejuízo.

Imaginem que país podíamos ser se o fizéssemos.

Imaginem que país seremos se não o fizermos.

5 comentários:

  1. Na realidade não é difícil imaginar seja o que for, é uma forma de soltar o nosso pensamento, mas isso não é em Portugal, com os governantes que tem estado à frente dos destinos deste País, quando recordo a História de Portugal, verifico que houveram Reis bons e menos bons, mas quando me aproximo da implantação da Republica, logo nos primeiros anos começo a ficar desiludido, porque constato que os grandes e sérios portugueses já se começam a diluir entrando na corrupção e afins, mas o pior de tudo é que os actuais não aprenderam nada com o passado, ou melhor só aprenderam o mau o resto foi esquecido, se tal não tivesse acontecido eles davam agora uma demonstração da sua seriedade e honestidade de bons portugueses, talvez nem fosse preciso, pois já não teria- mos chegado a esta situação caótica a que cheguemos, por tudo que já referi não sou capaz de sonhar um bocadinho, embora agora que falo nisso penso que bom que seria.2010-02-20-Manuel Freitas

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  2. Sejas bem vinda querida Ana, um pouco afastada daqui não? Gostei desse texto, imaginar é fácil (enquanto os governantes não se lembrarem de nos tirar essa liberdade tambem) imaginemos então tudo isso e tentaremos viver um pouco mais felizes no meio de tanta corrupção injustiças e desigualdades, é isso Ana imaginemos...

    Um beijo e tudo do melhor para ti

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  3. Como seria bom poder sonhar, soltando a imaginação, deixando voar o nosso pensamento, mas isso actualmente em Portugal e com os governantes que tem estado à frente dos destinos deste pais, não é mais possível, porque a realidade è tão nefasta que não nos permite a veleidade de soltar a nossa imaginação seja para o que for, logo nos surge na edeia o que foi Portugal no tempo dos Reis e o que lhe aconteceu na implantação da Républica de 1910, que logo uns anos após tudo era falsidade e corrupção, daí a entrada numa ditadura e como se não bastasse estes novos políticos tem demonstrado que nada de bom aprenderam com a história do passado, volvidos que vão 37 anos e eilos a fazer as mesmas coisas que os antepassados fizeram, currompendo-se uns aos outros a ver que leva mais para o seu bolso, como pode um bom português dar liverdade aos seus pensamentos.2010-02-21-Manuel Freitas

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  4. Há alguns anos a esta parte, em conversa amena com os anciãos das aldeias, era um prazer ouvi-los dizer que que Portugal era um pais com muito bom clima, boa paisagem e boa comida, o que o tornava num pais de sonhos:- Na verdade durante a minha juventude assim parecia ser, tirando uns pequenos problemas políticos da ocasião era realmente um pais de sonho, mas a minha juventude foice e com ela foi a possibilidade do sonho, tudo se modificou para o lado pior, os mais velhos deixaram comentar tais assuntos, agora dizem que já há fome, há muito desemprego, falta de segurança, atravessa-se uma cidade sem ver um agente de autoridade, chega-mos a pensar que nem existem, o clima está a mudar, vai-se mantendo a paisagem, sonhar já não é possível apenas nos resta a saudade. 2010-03-23-Manuel Freitas

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  5. Na realidade Imaginar é fácil, hoje a maioria dos portugueses já estão a ficar cansados de imaginar um bom governo para o país, sem corrupção, que seja pelo menos mais real nas suas afirmações e promessas, quanta felicidade não traria essa possibilidade, mas como vamos vendo, todos os governantes e deputados se esforçam em pedir aos portugueses que se esforcem e se unam para Portugal sair desta crise, mas até hoje ainda não vi nem li nada que revele a vontade daqueles senhores contribuírem para tal efeito, dando assim um bom exemplo aos mais ricos deste pais e ao povo em geral. Gostava de saber porque lhes falta esta coragem, depois de tanto falarem em crise, da a entender que tal crise é só para o pagode pagar e sofrer, faço votos para que isto mude, doutra forma vamos descendo cada vez mais fundo.2010-04-16-Manuel Freitas

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